terça-feira, 5 de maio de 2009

o que me leva a pintar

Trabalhar para a emoção, primordialmente, é o que me leva a pintar. Mostrar a dor a qual todo mundo receia alcançar em si para levar à obra. Ou, por pudor, não trazemos a desesperança à tona da tela. Esta matriz motora da contemporaneidade, a solidão, em meio a tanta gente. Há em todos os trabalhos um porvir de alegria pequenino, janelas possíveis, esforço-me para encontrá-las. No entanto, provindos da melancolia existencial, que é a origem de minha necessidade de criar imagens que sintetizem tantas imagens que morrem o tempo todo, sobrepostas aos montes; criar códigos para compreender o que eu nem sei, um novo porvir para mim, chaves para sair deste lugar aqui, chaves pictóricas; necessidade de redenção, de salvação da carne, criacão. Deus, deus eu de uma religião quem dirá morta pela ciência, pela mídia: a pintura. A loucura de Gogh, de Picasso; a minha, mas eu não estarei em enciclopédias nem tampouco em versículos. Se ninguém jamais estará em versículos, atiremos as bíblias pelas janelas, se estas não servem mais ao nosso puro desejo egocêntrico, sejamos hereges. Se a ciência não nos é capaz de tirar esta angustia existencial descrita aqui (mas que não cabe aqui) deixemo-la ir também. Deixemos este devaneio subjetivo aos propósitos hipotéticos ir também, talvez a pintura também se vá...
O dia acabou de se ir.

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