segunda-feira, 4 de maio de 2009

Cuba

aeronaves
sobrevoam
cabeças
nossas
nós
deitados neste campo sem fim
onde há mais estrelas do que em qualquer lugar que for
além de milhões de lugares que não cabem aqui
todas as constelações armadas
num móbile infinito, suspenso, físico, pelo tal metafísico
estrelas de poeira mas eu não posso pegá-las
estrelas em poemas simplesmente transformam-se.

aí o telefone toca e o atendente de telemarketing
da 'american express' desliga o telefone na minha cara,
em plena sete e cinquenta e dois da noite.

e eu digo: foda-se a indústria.

pela segunda feira
pelo crash
pelo embargo
pela destruição do que seria um poema
imensamente romântico,
agora político-romântico:

meu amor vamos à Cuba

lá onde as estrelas brilham límpidas
sobre mães
sobre mares
sobre mares sem fim
sobre a gente preta.

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