domingo, 24 de maio de 2009

www.brumasdeondas.blogspot.com

há as poesias de "Mergulho", com excessão de poucas!

no one star

quando cai a noite
é quando cai o cálido
da noite
no cálice onde as estrelas
nascem num instante
e se entrelaçam em constelações.

hoje não há nenhuma estrela.

um cão ladra

a ladrar o cão
em meio a mata molhada
esta sacada é como um chapadão
daqui o ouço no osso do ócio à vida deste anoitecer
quando os passarinhos retornam ao calor dos ninhos
retomemos a noite, a cama, os sonhos e o descanso.

por onde os olhos passam

chuva diluvio garoa
sobre a estrada cinza
iluminada por faróis cintilantes
luzes ácidas contra cores pardas
à silhueta da mata das montanhas
caindo a noite
eu caindo no sono
no banco do passageiro
palpebras pesam
olhos semicerram-se cansados
querendo sonhos
viajar é bom
me leve pra longe que eu vou
caminhões cargueiros
levantam véu de água do asfalto
produzindo uma fumaça de vapor frio,
a silhueta das montanhas é bonita assim
quando tem mais luz atrás a se pôr
assim o sol se vai
embora as nuvens carregadas
já o tivessem encoberto
nasce outra noite
em meu peito,
no automovel,
sobre a estrada
o céu.
sem lápis e papel
eu inscrevo este poema por onde os olhos passam.

primordial

a luz da lua
é a luz do sol
refletida em cinza superficie.

e ela,
ela,
o meu amor, que tanto chora, que vive na lua,
que chora no mar materno este vida água ondas peixes mar-bravia nervos e psique,
ela porá os seus pés no chão?
se não, saturno a fará pô-los pólis saturnálias
grécia azul.

a poesia é um devir da realidade
entre ser e não ser e ser só,
sobretudo.
a poesia é atemporal
e e eu só poderia
escreve-la e perdê-la em seu ideal
primordial
no peito, no coração.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

twitter-poem mórbido

preciso de um twitter.
eu o transformaria num twitter-poem.
tenho muitos poemas pra editar
insonia
preguiça
to só
amanha
etc...
frases-twitter;
ai...você não me quer mais...
o violão tá quieto
eu cansado embora completamente sem sono,
você se foi...
meus joelhos estão gelados.
eu sou do signo de capricornio.
vou entrar num bate papo...
mas não consigo ter intimidade
com gente virtual de madrugada assim,
sozinho, desagasalhado, sóbrio.
beber whisky era o que eu queria
de fato
desde o início.

terça-feira, 5 de maio de 2009

eu só queria isto

uma canção
me batia tanto
no peito
agora
não bate mais

eu estou tão frio
ao som
as palavras

em verdade
eu queria só
amanhecer ao sol da manhã
e adormecer contigo sob o luar eterno.

o que me leva a pintar

Trabalhar para a emoção, primordialmente, é o que me leva a pintar. Mostrar a dor a qual todo mundo receia alcançar em si para levar à obra. Ou, por pudor, não trazemos a desesperança à tona da tela. Esta matriz motora da contemporaneidade, a solidão, em meio a tanta gente. Há em todos os trabalhos um porvir de alegria pequenino, janelas possíveis, esforço-me para encontrá-las. No entanto, provindos da melancolia existencial, que é a origem de minha necessidade de criar imagens que sintetizem tantas imagens que morrem o tempo todo, sobrepostas aos montes; criar códigos para compreender o que eu nem sei, um novo porvir para mim, chaves para sair deste lugar aqui, chaves pictóricas; necessidade de redenção, de salvação da carne, criacão. Deus, deus eu de uma religião quem dirá morta pela ciência, pela mídia: a pintura. A loucura de Gogh, de Picasso; a minha, mas eu não estarei em enciclopédias nem tampouco em versículos. Se ninguém jamais estará em versículos, atiremos as bíblias pelas janelas, se estas não servem mais ao nosso puro desejo egocêntrico, sejamos hereges. Se a ciência não nos é capaz de tirar esta angustia existencial descrita aqui (mas que não cabe aqui) deixemo-la ir também. Deixemos este devaneio subjetivo aos propósitos hipotéticos ir também, talvez a pintura também se vá...
O dia acabou de se ir.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

alegria

mesmo com toda a tristeza que a gente tem em nosso peito
quando é noite após noite sem nenhuma estrela
nenhum colo
nós iremos desembocar em alegria.
morrer entre o texto para que o seu fim
guarde renascimento, como a um porvir mais generoso.
um presente guardado ao fim do triste texto: alegria.
a vida é triste e desumana
mas há tanto amor no peito, há amor aqui,
a refletir amor sem fim,
espelho de amor,
felicidade.

ceia farta

mamão
mamãe
manga
papaia
fruta se come e se ama
de modo que se ama e se come
o amor e a presença de pai e mão,
mãe da gente, da nossa gente, terra,
cesto de frutas tem tudo quanto é amor maternal.
nas cabaças tem também.
tem manito manito sinos pura medicina colombia feijão
vagem abóbora jo no lo puedo regressar jamais ao amor
este que tem na lagoa do Perí, na casa do meu amor,
mão papai, peixe mamãe,
e assim se dá a ceia do seio que nos faltou:
da naturaleza.
De modo que eu não comi meu pai e minha mãe
até que ficasse saciado com fartura.

pintura poesia

olhos azuis do felino que me fita contra os olhos azuis do céu.
escrever por escrever, exortar,
por que este sentimento me vem tão visceral assim,
nesta noite de segunda feira sem estrelas?
este sentimento visceral de palavras transbordando sobre mim
e não há tempo, este sentimento de que não há tempo pra esperar
que as palavras condenscem as idéias por si sós; poesia.
poesia é isto: palavras a merce de lágrimas.
de lágrimas de alegria também.
estas são ainda mais viscerais.
os japoneses não param de rir por sequer um segundo,
mas jamais chegam a chorar, em vida, de alegria.
eu acho.
mais que acho, sinto.
poesia não é crer que algo haja sido.
poesia é isto: sentir e pronto,
lançar como queiram as palavras,
as palavras que escolhem as cores
com as quais serão revestidas,
texturas, volumes, numa determinada composição,
a qual, louca ou não, lógica ou não, represente uma coisa ou não.
isto é pintura.

não sei

este sítio tá com cara de norte-americano do norte americano americano do norte.
eu também sou negão do Bronx, do Brás,
nesse sítio.
porcos, bois, Chinatown, Liberdade,
porque eu quis este sítio?
pra me libertar das amarras cósmicas
da cêrimonia de não poder
ser e só no poema
apenas?
ser essência também.
lindo e sujo.
ordinário, no sentido de que deixe a dever à Lingua Portuguesa,
à academia, à tradição, à tradição vazia dos novos poetas do
neo-romantismo
de todo esvaziados de amor à decadencia de uma civilização em seu fim
virtual
neste inicio de século razo de todo à beira da degradação;
um cheiro de esgoto me traz lembranças da cidade
de minha infância, em seu mar de esgoto a céu aberto
a desembocar sob os edificios pós modernos.

Cuba

aeronaves
sobrevoam
cabeças
nossas
nós
deitados neste campo sem fim
onde há mais estrelas do que em qualquer lugar que for
além de milhões de lugares que não cabem aqui
todas as constelações armadas
num móbile infinito, suspenso, físico, pelo tal metafísico
estrelas de poeira mas eu não posso pegá-las
estrelas em poemas simplesmente transformam-se.

aí o telefone toca e o atendente de telemarketing
da 'american express' desliga o telefone na minha cara,
em plena sete e cinquenta e dois da noite.

e eu digo: foda-se a indústria.

pela segunda feira
pelo crash
pelo embargo
pela destruição do que seria um poema
imensamente romântico,
agora político-romântico:

meu amor vamos à Cuba

lá onde as estrelas brilham límpidas
sobre mães
sobre mares
sobre mares sem fim
sobre a gente preta.

domingo, 3 de maio de 2009

wash

noite noite
preciso aconchegar-me
mamão
mamãe
amor onde onde
bons ares
eu vou te encontrar
no mar amor
no mar do amor
no sal sol amor mar chuva lua sol mata folhada molhada de folhas lágrimas menos razão na poesia por favor uma voz pede, uma vez.
uma vez este blog roubou um poema meu.
eu estou sem óculos.
escrever estritamente factual-pessoal são anotações ou neurose pura
uma vez disse Yung.
hoje eu pensei em ti, menina.
madrugadas
roupas
lavar tudo.

dilema

eu escrevo poemas
porque talvez não saiba escrever
é o dilema.

escrevo subjetivo
puramente pessoal
momentaneo
nao essencial
romantico
clichê
a escrita não precisa de mim
mas eu preciso dela.

não consigo expressar as coisas em sua totalidade,
representá-las vivas,
aqui.

eu não escrevo poemas,
mas sim,
anotações de neuroses
estritamente pessoais.
não há coerencia linguistica nem tematica.

para que escrever?
este é o dilema.
o que sou eu é o dilema também.

nova lógica ou destruição da lógica?
a astróloga dissera que eu viria a fazer análise
pelo que o mapa mostrava por volta dos 23 años.

coisa em si

eu sou bem prolixo nos textos todos
incoerente não
mas troco a estrutura
retifico-a
desestruturando-a de
sua científicidade
pra que alguma coisa valha mais do que a lógica,
mas nao vale de nada,
entendível não é,
universal, o que seria isto?
eu não tenho força linguistica para reestruturar uma escrita.
deve haver algo importante na lógica...
eu estive pensando que não há lógica o suficiente
em minha escrita, e a idéia só interessa a mim, mas nem a mim,
porque eu não escrevo o que deve de ser dito para que a coisa exista
claramente;
coisa em si.

um pouquinho bem pouco mas nada da essencia mesmo

dexavar maconha
sobre disco
do chili pepper´s

pés descalços em pleno inverno
em pleno início
parca alegria

dinheiro parco
mas teve sol
sob lençóis no varal

baseado só eu
queimo sozinho
você dorme aqui

nao em meu peito
noturno deserto
fria ventania

você dorme no sofá
nem brigamos
não somos um

quem dera
seria bom apenas
se fizemos bem um ao outro

mas morremos
melancolicos
tanto

eu não queria falar exatamente isto, mas não tenho memória para escrever textos sobre algo especifico, e aqui eu elejo um grão pra falar um pouquinho bem pouco mas nada da essencia mesmo, pensando bem.