quinta-feira, 22 de outubro de 2009

servil

linguagem
é questão babuína
babuínos foi provado
que não fomos nós,
eu vi na televisão.
o dia amanhece.
escrever
outras coisas
que não só
trabalhar
pro poema
me deixa exausto,
posto que ninguém
vá entender lhufas
por que não quer,
mas eu sou astuto
e escrevo servíl
à poesia
e só.
quer leia quer não
eu sou um televisor blindado.
porquanto, também poético.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

poema quebrado

cavalo sobre nova iorquina rua
sóis edificações ao fundo
descrição memorial seria
pelo tal esta fotografia.
qual é a grafia de meu olhar?
sobre isto que é síntese de imagem
e que rebate sobre mim guestáltico
embora eu não saiba o que isto signifique,
pois isto é quase pra mim
algo enigmático demais
porque as palavras por fim
é o que me traz
às visões servís a algo maior,
a poesia, e só.

embora isto seja tudo.

à Lígia Nocera

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

infortúnios

a deixar lágrimas
sobre os ladrilhos da calçada
encharcados pela chuva que há dias
cai, incessantemente, num diluvio
abarcado pela montanhas deste aquário
que é minha cidade, deste aquário industrial
e junto ao tal dilúvio,
eu também caio.

em nuvens

entupir-se de xarope de cola
lembrar-me de você
fotografia de franz marc
tão "gauche"
tão para o quadro fauve
tão sozinho sobre as paredes caiadas
do quarto da criada de G.H
mas a noite é tão para me lembrar
de você
tão cheia de luares
e de ventos quentes
e o sono vem em nuvens
e o céu é lilás e translúcido daqui.